Por
unanimidade, foi aprovado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc),
o projeto de Lei nº 0064.6/2015, que institui a política estadual de busca de
pessoas desaparecidas, em Santa Catarina.
De
autoria do deputado estadual Valmir Comin, tem como objetivo promover uma ação
integrada, fazer com que todos os profissionais responsáveis por busca e
identificação de pessoas no Estado.
A
intenção é permitir que trabalhem interligados por um banco de dados com
informação em tempo real para que na prática, possam agir de forma mais
enérgica, efetiva e imediata. "Uma maneira de respeitar as famílias que
procuram por seus entes, de permitir que se resgate uma resposta mais rápida
para cada caso e também promover justiça com cada um deles e com as pessoas que
trabalham na área, com uma infraestrutura precária", resumiu o deputado.
Para
o delegado da Delegacia de Desaparecidos de Santa Catarina, Vanderlei Redondo,
que participou diretamente da construção do projeto, a lei será um grande passo
na rotina dos profissionais que atuam na busca por pessoas desaparecidas.
"As diretrizes vão contribuir muito a delegacia no trabalho,
principalmente no engajamento com os outros órgãos", comemorou.
Para
o presidente da Organização Não Governamental (ONG) Portal da Esperança, Gerson
Rumayor, a lei foi muito bem elaborada, e o trabalho será mais amplo, terá mais
agilidade com as novas ferramentas. "Nós vamos poder trabalhar mais na
prevenção e o Estado será mais uma vez um modelo para outros estados",
pontuou.
Na
plateia, o aposentado João Antônio da Silveira, de 66 anos, saiu de casa para
acompanhar o resultado da votação. E não escondeu a felicidade de saber que
agora existe uma lei para contribuir com quem procura por alguém da família, ou
apenas um amigo. Ele busca pela esposa, Doraci Virginia de Carvalho da
Silveira, que saiu de casa há quatro anos, período que ele está sem nenhuma
notícias. Ela teria hoje 71 anos. "Eu sai para caminhar e ela ficou em
casa, quando voltei as janelas estavam abertas, as portas trancadas e até hoje
não tenho resposta. Esta lei vai ajudar muita gente, estou feliz em poder
acompanhar de perto", disse ele.
Da
casa onde mora em Criciúma, Sandra Guimarães esperava pelos contatos de amigos
para contar como foi a aprovação do projeto. Ela é mãe de Jean Mauricio
Gaidzinski, desaparecido em Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul. Neste 23 de
setembro, completam quatro anos de ausência de notícias do filho e de um
trabalho intenso de buscas. "Neste tempo todo, dia e noite são feitos de
esperança, fé, angústia e interrogações. Rezei muito por esta aprovação. Estou
chorando de alegria. Vai servir para ajudar tanta gente. A partir de agora as
coisas mudam. Quem precisar buscar alguém a partir de agora, vai ter uma
realidade bem diferente da nossa. Só temos a agradecer pela criação de uma lei
deste nível que vai mudar a vida de muitas pessoas", desabafou.
Fonte:
Kênia Pacheco
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