Lojistas defendem saída de Dilma e rejeitam aumento da carga tributária

O afastamento da presidente Dilma Rousseff – por renúncia ou impeachment – e a rejeição a qualquer elevação de alíquotas ou criação de tributos foram os pontos de consenso entre os 1.200 empresários de varejo e serviços que participam da 46ª Convenção Estadual do Comércio Lojista, em Florianópolis. No debate conduzido pela jornalista Mônica Waldvogel, Nilso Berlanda (rede Berlanda), Glauco Corte (presidente da FIESC) e Luiz Faria (presidente da Ordem dos Economistas de Santa Catarina), a plateia aplaudiu demoradamente quando os participantes sugeriram o fim antecipado do mandato presidencial e a resistência ao aumento da carga tributária.
Para Berlanda, um novo cenário de confiança dos empresários e dos consumidores depende da ruptura do atual sistema. “A crise ética e econômica minaram as expectativas da população. Ninguém mais acredita neste governo”, analisou o empresário, dirigente de uma rede de 201 lojas de eletroeletrônicos e móveis em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com mais de 2 mil funcionários. “Será muito difícil escapar do aumento de algum imposto ou taxa ou da criação de algo similar à CPMF”, lamentou Glauco Corte, “pois o ministro (Joaquim) Levy tem obsessão pelo assunto”.
O dirigente da Federação das Indústrias também alude ao governo federal a responsabilidade pela retração na economia. “A crise se deve ao setor público, pois o governo gastou demais e um dinheiro que não tinha”, assegurou. Glauco Corte definiu a União como “um sócio privilegiado dos empresários brasileiros, pois é um acionista sem riscos”. Mônica Waldvogel avaliou o cenário e considerou que o maior problema é a falta de previsões em curto, médio e longo prazo. E destacou que, quando comparada com o mercado nacional, Santa Catarina tem indicadores positivos em empregos e desempenho industrial, entre outros.
Em uma hora e meia de debate também surgiram muitas manifestações de fé no futuro do país. “O varejista é um otimista por natureza, ele não pode se contaminar com o ambiente de dificuldades, ou vende cada vez menos até definhar”, disse Berlanda. “A crise não dominar a nossa pauta, nós que dominamos a crise”, advertiu Glauco Corte. E o economista Luiz Faria sentenciou: “quando se abre um negócio, o primeiro negócio é permanecer no negócio”.
Frases
“Quando a fome entra pela porta da frente, a dignidade sai pela de trás” – Glauco Corte, citando o falecido deputado Ulysses Guimarães;
“O varejo tem muita criatividade e é capaz de pelo menos minimizar os efeitos da crise” – Nilso Berlanda;
“O dólar alto favoreceu a exportação, mas o país não terá futuro se exportar somente commodities” – Luiz Faria;
“Os juros bateram no teto, é pouco provável que subam mais do que o patamar atual” – Mônica Waldvogel
“O Brasil é o único país do mundo onde os juros sobem e a inflação não cai”

Fonte e foto: Glauco Corte

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