Exatamente
hoje, dia 13 de julho, Imbituba e milhares de imbitubenses revivem um dia trágico
a exatos 28 anos. Era inverno e de repente surgiu uma segunda-feira quente e a
tarde, quase 17h30 o dia escureceu e com ele veio a chuva carregada de pedra
(granizo). A história ou a narrativa deste dia na vida de quem assistiu e sofreu
sérias consequências, como a perda parcial de suas residências, como telhados,
móveis, roupas e alimentos é contada em poesia de autoria do poeta, advogado e
futuro diácono, Almir Martins e gravada em música num CD de autoria do compositor
e cantor folclorista de Imbituba Amaury Castro, gravada na voz de João Batista
Rodrigues, do conjunto The Claytons. No momento da chuva, estava na loja Irama
materiais de construção comprando matérias para a minha casa que estava em
construção e quando pensei em sair alguém me aconselhou, não sai agora, pode
cair mais pedra ainda, mesmo assim não dei ouvidos, a Pretta estava em casa com
os meus filhos e sai assim mesmo, custei chegar em casa, porque eram pedras
espalhadas por todos os lados, a imagem dos veículos com suas latarias
amassadas e furadas davam a impressão que havia acontecido um bombardeio aéreo,
os aspectos das casas eram lamentáveis, inclusive a casa onde morava nos fundos
da que estávamos construindo de alvenaria, era de madeira, coberta de telhas de
amianto e sem forro, ficou totalmente perfurada, parecia uma peneira, perdemos
guarda roupa, geladeira e outros utensílios domésticos, mas graças a Deus, a
família e alguns vizinhos se refugiaram na casa em construção e que estava com
a laje pronta. Muitos deles ficaram morando conosco por vários dias, até que as
suas casas fossem cobertas com as telhas que chegaram de várias cidades do
Estado e eles pudessem retornar as suas residências com dignidade..
QG
do Paes Leme
Os
dias que sucederam a chuva de pedra, foi de desespero e tristeza para muitos
imbitubenses, lembro que o prefeito da época, Jerônimo Lopes, nos convidou para
assumir a coordenação de um QG para atender os moradores do Paes Leme, mas
exatamente das localidades Lomba e Araçá e assim montamos em minha casa que
estava em construção, mas felizmente com a laje pronta mas sem telhado, a
Pretta e eu montamos em nossa sala o QG para atender milhares de moradores que
ficaram praticamente sem teto e sim com a ajuda de alguns vizinhos, entre eles
Zô e Aladir Ferreira, cadastramos casa por casa e as necessidades dos moradores
prejudicados pela chuva de pedra e assim trabalhamos por quase um mês na
distribuição de telhas, roupas, alimentos, calçados e tudo o que as várias
cidades do Estado enviavam para Imbituba e através do QG central localizado no
Imbituba Atlético Clube responsável pela seleção nos enviava para a
distribuição no Paes Leme. Lembro-me ainda que ao lado dos soldados do Exército
de Tubarão, enfrentamos noites chuvosas para cobrir com lonas várias casas na
Lomba construídas próximas a linha férrea da Dona Teresa Christina. Foram dias
de trabalho árduo, cansativos, mas compensadores. O prefeito Jerônimo Lopes e a
esposa Léa, responsável pela área social do município e todos os secretários
municipais daquele governo, foram incansáveis na recuperação do município.
Passados 27 anos, me vem a mente, como se fosse hoje, tudo o que aconteceu e
como ficou a nossa Imbituba, como diz a música de Amaury Castro, era telha no
café, no almoço e no jantar, ou igualmente a poesia de Almir Martins, no dia
treze de julho / A desgraça aconteceu. As cinco e trinta da tarde /
Segunda-feira de hebreu. Foram quinze minutos de dor / de lágrimas, de oração.
E por aí vai. Porem, uma realidade não esquecerei jamais, Deus, olhou por nós, porque
só perdemos bens matérias. Apesar da grande desgraça, todos saíram com vida.
Foto: Vilmar Pereira/Foto Pereira. Imagem fotografada da laje da minha residência.
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