Conferência de Abertura do II Copene Sul debate educação étnico-racial na região sul

Nesta terça-feira(21) iniciou-se o II Congresso das (os) Pesquisadoras (os) Negras (os) da região sul do Brasil (Copene), sediado em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná, campus Reitoria. O evento estende-se até sexta-feira, dia 24, e oferece amplo leque de programações: 3 conferências (uma nacional e duas internacionais), 9 mesas-redondas, 11 minicursos, 17 Grupos de Trabalho, 8 Workshops além de reuniões organizativas e programação cultural. As atividades estão distribuídas ao longo dos quatro dias de evento, iniciadas diariamente às 8h com duração até o período noturno, e seguem a temática de discussão dos saberes negros e do pensamento afro-brasileiro do sul do Brasil.

Reuniões organizativas.

O primeiro dia do evento contou com o encontro dos Núcleos de Estudo Afro-Brasileiros (NEAB’S); reunião organizativa da Federação das Comunidades Quilombolas do Paraná (FECOQUI-PR); exposição de arte “Saberes Negros do Sul do Brasil através das Artes”; Mostra de Cinema Negro “Saberes Negros do Sul”; performance de dança afro “Mitologia dos Orixás”; conferência com a Dra. Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (NEAB – UFSCAR) sobre o tema “Educação – significados e práticas na perspectiva de negros do sul”. E foi encerrado com apresentação cultural do Samba do Compositor Paranaense.

O Encontro de NEAB’S teve início às 14h e contou com a presença de 20 representantes dos NEAB’S das universidades de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, dentre eles diretores, coordenadores, professores, bolsistas e pesquisadores da região sul. As pautas da reunião focaram no debate da situação atual do ensino afro-brasileiro nas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas, além da discussão de propostas para fortalecimento de NEAB’s, para eventuais alterações nas grades curriculares, inserção de ações afirmativas e medidas de empoderamento nas universidades e institutos federais. A Dr.ª Maria Nilza da Silva (NEAB-Universidade Estadual de Londrina - UEL) enfatizou as inúmeras demandas em relação a questões comuns nos centros universitários. "Existe uma preocupação muito grande em fortalecer as ações afirmativas, em ampliar o número de bolsas, criar condições de permanência do estudante, sobretudo o estudante negro cotista. Então, têm muitos aspectos que são comuns e têm também as particularidades de cada região".

Simultaneamente, realizou-se a reunião organizativa da FECOQUI-PR, com a presença das lideranças de 17 das 37 comunidades quilombolas do estado do Paraná. Esta reunião oficial da Federação foi mediada pela secretária da entidade, Isabela da Cruz, que conduziu o debate das pautas quilombolas regionais e nacionais.

Programação cultural.

A exposição de arte “Saberes Negros do Sul do Brasil através das Artes” foi aberta logo ao início do primeiro dia do Copene, e permanecerá disponível até o dia 24, no encerramento do evento. A exposição é composta por esculturas, pinturas, fotografias e demais expressões artísticas de artistas da região, que retratam ícones afro-brasileiros e internacionais de destaque e influência dentro da cultura negra.

A primeira sessão da Mostra de Cinema Negro “Saberes Negros do Sul” teve início às 15h, com a transmissão do longa-metragem “Cafundó”, na sala 207. Dirigido por Paulo Betti e Clóvis Bueno, o filme foi gravado no Paraná com a narrativa de uma crônica romanceada baseada na vida real de João de Camargo, negro alforriado, que viveu em Sorocaba no final do século XIX e sofreu o impacto das transformações políticas e econômicas ocorridas no período. A Mostra de Cinema terá continuidade nos três dias de evento, com a exibição de um filme por dia, sempre sucedido de debate sobre a obra.

Conferência de abertura.

A partir das 19 horas, a cerimônia no Teatro da Reitoria contou com a performance da ‘Dança de Exu’, aliada ao som de tambor e berimbau. A mesa de abertura, por sua vez, contou com a presença de onze integrantes: intelectuais, pesquisadores e estudantes da área de pensamento afro-brasileiro. Seu principal objetivo foi discutir a questão da diversidade e racismo, atentando principalmente para o cenário universitário. Os presentes destacaram a necessidade dos próprios sujeitos negros falarem sobre suas relações e resoluções sociais. O coordenador local do congresso, Prof. Dr. Paulo Vinicius Baptista da Silva, ao falar sobre a ‘alfabetização da diáspora’, lembrou a importância do conhecimento de um passado comum que unem os  afro-brasileiros, o qual deve ser observado nas articulações entre os pesquisadores da área.

A conferência com a Dr.ª Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, representante do NEAB da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), proporcionou aos presentes a integração entre a pesquisa dos saberes tradicionais e a busca da identidade negra. Na apresentação da conferência "Educação - significados e práticas na perspectiva de negros do sul",  compartilhou conhecimentos de uma longa trajetória de pesquisa, ativismo e liderança na comunidade negra. Sua fala simbolizou a palavra e o conhecimento do povo negro brasileiro. Em um dos momentos mais importantes, Petronilha citou que a educação em territórios negros deveria ser mais valorizada, seja em universidades, seja em comunidades quilombolas. Para ela, a educação atua como base para a significação do mundo e, os negros do sul, como agentes de sua cidadania, necessitam de um ambiente universitário livre de práticas racistas comuns no dia a dia.

O encerramento do primeiro dia do II Copene Sul ocorreu com a animada Roda de Samba do ‘Samba do Compositor Paranaense’. Houve apresentação de sambas locais com interação do público, que subiu ao palco para dançar e festejar o momento. Estas rodas acontecem semanalmente e os encontros ‘Samba do Compositor Paranaense’ ocorrem todas as segundas-feiras, das 19h30 às 22h, no Teatro Universitário de Curitiba (TUC).

A mesa de abertura contou com as presenças do Prof. Dr. Paulino de Jesus Francisco Cardoso, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as)(ABPN) (ABPN);  Prof. Dr. Paulo Vinicius Baptista da Silva, organizador do II Copene Sul;  Doutoranda Judit Gomes da Silva, servidora técnica  e integrante do NEAB-UFPR; Doutorando Marco de Oliveira (PPGE /NEAB-UFPR); Alan Felipe Alves dos Santos (acadêmico de Ciências Sociais/UFPR); Mestra Iyalorixá Iyagunã (Dalzira Maria Aparecida);  Laura Ceretta Moreira, coordenadora de Estudos e Pesquisas Inovadoras na Graduação; Andréa Caldas, diretora do Setor de Educação da UFPR.


Fonte e informações: Imbitubense Vitor Jorge W Brasil, médico em Curitiba na empresa Amil Saúde, Docente na empresa Medicina Universidade Positivo e médico - pesquisador - preceptor na empresa FAVI-Fundação de Apoio e Valorização do Idoso. Mora em Curitiba.

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