Na quinta-feira, após a
solenidade da Santíssima Trindade, a Igreja celebra devotamente a solenidade do
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, festa comumente chamada de Corpus Christi.
A motivação litúrgica para tal festa é o louvor merecido à Eucaristia, fonte de
vida da Igreja. Desde o princípio de sua história, a Igreja devota à Eucaristia
um zelo especial, pois reconhece neste sinal sacramental o próprio Jesus, que
continua presente, vivo e atuante em meio às comunidades cristãs. Celebrar
Corpus Christi significa fazer memória solene da entrega que Jesus fez de sua
própria carne e sangue, para a vida da Igreja, e comprometer-nos com a missão
de levar esta Boa Nova para todas as pessoas.
2. Origem da solenidade
Na origem da festa de Corpus
Christi estão presentes dados de diversas significações. Na Idade Média, o
costume que invadiu a liturgia católica de celebrar a missa com as costas
voltadas para o povo, foi criando certo mistério em torno da Ceia Eucarística.
Todos queriam saber o que acontecia no altar, entre o padre e a hóstia. Para
evitar interpretações de ordem mágica e sobrenatural da liturgia, a Igreja foi
introduzindo o costume de elevar as partículas consagradas para que os fiéis
pudessem olhá-la. Este gesto foi testemunhado pela primeira vez em Paris, no
ano de 1200. Entretanto, foram as visões de uma freira agostiniana, chamada
Juliana, que historicamente deram início ao movimento de valorização da
exposição do Santíssimo Sacramento. Em 1209, na diocese de Liége, na Bélgica,
essa religiosa começa ter visões eucarísticas, que se vão suceder por um
período de quase trinta anos. Nas suas visões ela via um disco lunar com uma
grande mancha negra no centro. Esta lacuna foi entendida como a ausência de uma
festa que celebrasse festivamente o sacramento da Eucaristia.
3. Nasce a festa do Corpus
Christi
Quando as idéias de Juliana
chegaram ao bispo, ele acabou por acatá-las, e em 1246, na sua diocese,
celebra-se pela primeira vez uma festa do Corpo de Cristo. Seja coincidência ou
providência, o bispo de Juliana vem a tornar-se o Papa Urbano IV, que estende a
festa de Corpus Christi para toda Igreja, no ano de 1264. Mas a difusão desta
festa litúrgica só será completa no pontificado de Clemente V, que reafirma sua
significação no Concilio de Viena (1311-1313). Alguns anos depois, em 1317, o
Papa João XXII confirma o costume de fazer uma procissão, pelas vias da cidade,
com o Corpo Eucarístico de Jesus, costume testemunhado desde 1274 em algumas
dioceses da Alemanha. O Concílio de Trento (1545-1563) vai insistir na
exposição pública da Eucaristia, tornando obrigatória a procissão pelas ruas da
cidade. Este gesto, além de manifestar publicamente a fé no Cristo Eucarístico,
era uma forma de lutar contra a tese que negava a presença real de Cristo na
hóstia consagrada.
Atualmente
a Igreja conserva a festa de Corpus
Christi como momento litúrgico e devocional do Povo de Deus. O Código de
Direito Canônico confirma a validade das exposições publicas da Eucaristia e
diz que principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, haja
procissão pelas vias públicas (cân. 944).
4. A celebração do Corpo de
Cristo
Santo Tomás de Aquino destacava
três aspectos teológicos centrais do sacramento da Eucaristia. Primeiro, a
Eucaristia faz o memorial de Jesus Cristo, que passou no meio dos homens
fazendo o bem (passado). Depois, a Eucaristia celebra a unidade fundamental
entre Cristo com sua Igreja e com todos os homens de boa vontade (presente).
Enfim, a Eucaristia prefigura nossa união definitiva e plena com Cristo, no
Reino dos Céus (futuro). A Igreja, ao celebrar este mistério, revive estas três
dimensões do sacramento. Por isso envolve com muita solenidade a festa do Corpo
de Cristo. Não raro, o dia de Corpus Christi é um dia de liturgia solene e
participada por um número considerável de fiéis (sobretudo nos lugares onde
este dia é feriado).
5. A devoção popular
É necessário destacar que muito
mais do que uma festa litúrgica, a Solenidade de Corpus Christi assume um
caráter devocional popular. O momento ápice da festa é certamente a procissão
pelas ruas da cidade, momento em que os fiéis podem pedir as bênçãos de Jesus
Eucarístico para sua cidade. O costume de enfeitar as ruas com tapetes de
serragem, flores e outros materiais, formando um mosaico multicor, ainda é
muito comum em vários lugares. Algumas cidades tornam-se atração turística
neste dia, devido à beleza e expressividade de seus tapetes. Ainda é possível
encontrar cristãos que enfeitam suas casas com altares ornamentados para saudar
o Santíssimo, que passa por aquela rua. A procissão de Corpus Christi conheceu
seu apogeu no período barroco. O estilo da procissão adotado no Brasil veio de
Portugal, e carrega um estilo popular muito característico. Geralmente a festa
termina com uma concentração em algum ambiente público, onde é dada a solene
bênção do Santíssimo, que neste ano, na Catedral Diocesana de Tubarão será em
frente a Cripta da Catedral. Nos ambientes urbanos, apesar das dificuldades
estruturais, as comunidades continuam expressando sua fé Eucarística, adaptando
ao contexto urbano a visibilidade pública da Eucaristia. O importante é
valorizar este momento afetivo da vida dos fiéis. Neste ano 2015, encerrada a
missa campal, das 15h, em frente da Catedral, a procissão, na Catedral sairá da
frente da catedral e passará pelas Ruas da Piedade, Salvato José Elias, Anita
Garibaldi, Senador Richard e será concluída em frente a Cripta da Catedral.
Toda a celebração será transmitida pela Rádio Tubá.
Fonte:
Pe. Rafael Uliano
- Cúria Diocesana de Tubarão - Fones: (48) 36221504 (manhã)
36221631 (tarde).
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